Clique sobre o anúncio para ver em tamanho original Por José Eustáquio Lopes de Faria Júnior (@juniorpitangui)
Impossível dimensionar a importância do Chaves para a TV brasileira. Apesar de ser um seriado mexicano, com atores mexicanos, gravado em território mexicano, suas mensagens guardam um aspecto de universalidade e, a ligação com temáticas tão simples do nosso cotidiano, trazem contornos da latinidade que une México e Brasil.
A cada dia Chaves se mostra um fenômeno na tela do SBT. Não é preciso superprodução. Não é preciso temáticas complicadas e densas para inovar e prender o público. Não é preciso, sequer, a piada ser inédita para fazer o povo rir. Chaves tem um “plus”, algo que só os gênios, como Bolaños, sabem criar, transformando algo em atemporal.
Gargalhamos 100 mil vezes com Chaves e Chiquinha zoando o Kiko e seu “mamãe querida” no Festival da Boa Vizinhança. Choramos 100 mil vezes com Chaves sendo chamado injustamente de ladrão, ladrãozinho. Engolimos seco 100 mil vezes ao lado do Seu Madruga quando se passa algo comovente com Chaves e sua fome habitual. Da mesma forma, ficamos indignados 1000 vezes com as injustiças cometidas por Dona Florinda a cada tabefe recebido pelo Seu Madruga, muitas vezes motivado pelas travessuras do Chaves.
E ficaremos com cada sentimento desses 101, 102, 103 mil vezes... Simplesmente porque estamos diante de algo fora do comum. Quando Chaves nasceu para o Brasil, através do SBT, em 1984, ninguém imaginava que seria esse grande sucesso. No final da década de 80, essa imagem já se consolidava. Em 1990, o programa foi ao seu auge batendo inclusive a cobertura da Copa do Mundo na Globo. Durante a década de 90 se transformou no verdadeiro coringa de audiência na programação do SBT. Foi então que foram criados vários apelidos pejorativos ao SBT, ilustrando sua “Chaves-dependência”. O SBT nunca esteve nem aí com isso, nem mesmo quando a Globo, por diversas vezes, tentou tirar a série de sua “casa”, simplesmente para engavetá-la e tirar um peso-pesado da concorrência.
Mas vamos ao Cartas e Cartazes especial de hoje. Ele trata de um anúncio publicado pelo SBT em 1999. Nele, o SBT comemora uma entrevista concedida pela escritora Ruth Rocha à Revista Veja em 5 de maio daquele ano, em que ela fala sobre várias questões do público infantil na televisão brasileira naquela época. Nela, corajosamente, a escritora, consagrada pelos seus livros voltados ao público infanto-juvenil, compara Chaves com o bem-sucedido “Castelo Rá-Tim-Bum” (produção brasileira da TV Cultura). E coloca o seriado mexicano em um patamar mais alto, como melhor programa infantil da TV brasileira. Veja o trecho da entrevista em que ela comenta o assunto:
“O melhor programa infantil é o Chaves, do SBT. Pode ser pobre, feio, mas quem escreve aquilo é inteligente. Chaves é circense. As crianças se identificam com os diálogos, com os trocadilhos, com as cenas de pastelão e com o personagem-título, que se comporta exatamente como elas. É uma atração simples e divertida, que não faz mal a ninguém. Considero-o melhor que o Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura. O Castelo é consistente, tem ótimos atores e atrizes e, no deserto da TV brasileira, é uma maravilha. Mas é um pouco over, exagerado. O Castelo tem muita cor, ruído, grito, correria, apelo sensorial. As crianças, principalmente as menores, têm dificuldade em assimilar o que acontece na tela”.
Aproveitando a entrevista de uma expert em crianças, o SBT publicou um anúncio no dia 13/05/1999, com a seguinte chamada: “Chaves, fazendo sucesso até com quem entende mais de crianças”. Ou seja, a escritora Ruth Rocha. Além de citar um trecho da entrevista, a publicação ainda destaca: “É por este respeito às crianças, que a Programação Infantil do SBT se destaca entre as melhores da televisão brasileira, conquistando altos índices de audiência e até o aval de qualidade de quem mais entende de crianças”.
Mas talvez o mais simbólico do anúncio seja o logo do SBT coberto pelo tradicionalíssimo gorrinho usado pelo personagem Chaves. E, vejam só: 15 anos depois, o gorrinho volta para cima do logo do SBT em homenagem a Roberto Gomes Bolaños, por ocasião de sua morte. Todas as homenagens são merecidas nesse momento. Se o SBT se orgulha por ostentar que é a TV mais feliz do Brasil, uma parcela pode ser dedicada às gerações que cresceram assistindo Chaves e Chapolin na emissora. Para sempre em nossos corações, Chespirito!
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